Este sábado dois filmes nacionais fizeram festa em um dos mais importantes festivais de cinema do mundo. Este ano, fomos o quarto país com maior participação no Festival de Cannes. Tínhamos seis filmes, e ficamos atrás apenas de França, Estados Unidos e Bélgica.
Em Cannes, A Vida Invisível de Eurídice Gusmão, de Karim Aïnouz ( Céu de Suely e Viajo Porque Preciso, Volto Porque Te Amo) , ganhou a mostra Um Certo Olhar, paralela à disputa pela Palma de Ouro. O filme se passa na década de 1950. O foco é em duas irmãs a jovem Eurídice, que em ser pianista e a irmã Guida. Ambas sofrem sob a batuta do machismo institucional. Guida, que foge jovem com o namorado fica grávida e é então expulsa de casa. Eurídice, fica e tem de lidar com a “vida adulta” e um casamento sem amor. O filme é uma adaptação do livro de Martha Batalha. As irmãs são vividas por Carol Duarte e Julia Stockler, o elenco contra ainda com Gregório Duvivier, Maria Manoella e Fernanda Montenegro. Em seu discurso, o diretor endereçou sua fala ao momento em que passa o Brasil:
“Estamos passando por um momento de intolerância muito grande no Brasil. As ameaças contra a educação, a criatividade e a cultura são gigantescas. Quero dedicar o prêmio à vivacidade e às atrizes do meu filme, que estão aqui”
O filme tem previsão de estreia no Brasil para novembro.
Bacurau, de Kleber Mendonça Filho, levou o prêmio do júri na mostra principal! Esta é a segunda vez que o cineasta recifense concorreu à Palma de Ouro. A primeira, em 2016, ficou marcada por um ato anti-impeachment de Dilma, no tapete vermelho de Aquarius. O nome do filme faz referência a uma cidade fictícia do sertão pernambucano. Ali, mediante a uma invasão externa, o assédio estrangeiro tem revide na verve do cangaço. O filme estreia no Brasil em 30 de agosto.
Importante lembrar que fora da programação oficial, The Lighthouse, co-produção Brasil-Estados Unidos, foi eleito pela Federação Internacional de Críticos de Cinema como o melhor filme exibido no 72º Festival de Cannes. Mais um ponto para a produtora do brasileiro Rodrigo Teixeira, a RT Features está também por trás de A Vida Invisível de Eurídice Gusmão. O novo filme do diretor Robert Eggers (A Bruxa) tem Robert Pattinson (Saga Crepúsculo) no elenco, além de Willem Dafoe. O suspense é descrito assim: “conto hipnótico e alucinante de dois guardas de farol em uma remota ilha na Nova Inglaterra nos idos de 1890”. A estreia no festival foi aplaudida de pé.
Retrospecto:
Em 1953, O Cangaceiro, de Lima Barreto, ganhou o prêmio de melhor filme de aventura em Cannes, e obteve sucesso mundial. Já em 1962, o filme O Pagador de Promessas ganhou a Palma de Ouro em Cannes. Outros filmes brasileiros marcaram o festival, como Vidas Secas, de Nelson Pereira dos Santos, e Deus e o Diabo na Terra do Sol, de Glauber Rocha, que mais tarde venceu o prêmio da crítica internacional em 1967, por Terra em Transe, sendo ainda premiado por melhor direção com O Dragão da Maldade contra o Santo Guerreiro, em 1969. Também já foram premiadas as atrizes Fernanda Torres, por Eu Sei Que Vou Te Amar (1986), e Sandra Corveloni, por Linha de Passe (2008)
CONFIRA TODOS OS PRÊMIOS DE CANNES 2019:
Palma de Oro: Parasite, de Bong Joon-Ho.
Grande Prêmio do Júri: Atlantique, de Mati Diop.
Prêmio do Júri: dividido igualmente entre Les Miserables, de Ladj Ly, e Bacurau, de Kleber Mendonça Filho e Juliano Dornelles.
Melhor direção: Jean-Pierre e Luc Dardenne por O Jovem Ahmed.
Melhor atriz: Emily Beecham, por Little Joe.
Melhor ator: Antonio Banderas, por Dor e Glória.
Melhor roteiro: Céline Sciamma, por Portrait de la Jeune Fille en Feu.
Menção especial do Júri: Elia Suleiman, por It Must Be Heaven.
Palma de Oro para o melhor curta: The Distance Between Us And The Sky, de Vasilis Kekatos.
Câmera de Ouro: Nuestras Madres, de César Díaz.
Melhor filme da mostra Um Certo Olhar: A Vida Invisível de Eurídice Gusmão, de Karim Aïnouz.
Prêmio do Júri de Um Certo Olhar: O Que Arde, de Oliver Laxe.
Prêmio Especial do Júri de Um Certo Olhar: Liberté, de Albert Serra.
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