Estou lendo tudo sobre a primeira imagem de um buraco negro. Confesso que muito do que leio, não compreendo. Nesta quarta, depois dos esforços de uma equipe internacional de mais de 200 cientistas, pudemos ver o tal do buraco negro que está no centro da galáxia M87, localizada a uma distância de 55 milhões de anos-luz da Terra. Os pesquisadores criaram essa imagem juntando dados registrados por uma rede de oito radiotelescópios espalhados pelo mundo. A soma deles é conhecida como EHT, Telescópio Horizonte de Eventos.
Antes apenas tínhamos a descrição do que seria um buraco negro. Basicamente, corpos astronômicos gigantescos que geram um campo gravitacional do qual nenhuma partícula escapa, tipo: nem mesmo a luz. Lembrem-se que foi Albert Einstein quem calculou que a força da gravidade poderia distorcer o espaço-tempo, e através dessa lógica estabeleceu que um corpo de densidade muito alta poderia “se esconder atrás de um horizonte de eventos.” Ele também definiu que “o limite a partir do qual a atração do buraco negro é inescapável.” As equações de relatividade de Einstein também falavam que o horizonte de eventos deveria ter uma forma circular e tamanho proporcional à massa do buraco negro, o que se confirmou através da imagem divulgada. José Luis Gómez, pesquisador do Instituto de Astrofísica da Andaluzia (IAA), disse na na coletiva de imprensa:
“Nós medimos que [o horizonte de eventos] é extremamente circular. Ele se encaixa muito bem com as previsões da relatividade de Einstein “
De acordo com os especialistas, esse horizonte é o que é visto na imagem, já que o buraco negro em si não pode ser visto. O que observamos é o gás que cai nele brilhando, quando aquecido a milhões de graus. Então vemos luz, e uma silhueta escura, que é a sombra do buraco negro. Meio fora de foco? Isso porque o tamanho da imagem excede a resolução máxima do EHT. A imagem demorou dois anos para ser concebida, e tem na verdade a ajuda de inteligência artificial para ser concebida, já que o EHT, conjunto de 8 radiotelescópios espalhados pelo mundo, mas não cobre toda a superfície da Terra.
Na equipe da EHT, o destaque para uma mulher de 29 anos, Katherine Bouman. A doutora em engenharia elétrica e ciência da computação pelo MIT e professora visitante no Caltech foi responsável por criar soluções matemáticas que preenchem lacunas de dados que pudessem aparecer, por causa de, por exemplo, o atraso da entrada de ondas de rádio na atmosfera terrestre. Foram 3 anos de desenvolvimento:
“Assim como um artista forense usa descrições limitadas para formar uma imagem usando seu conhecimento sobre o formato do rosto, os algoritmos de imagem que eu desenvolvi usam nossos dados limitados de telescópios para compor uma imagem”
Left: MIT computer scientist Katie Bouman w/stacks of hard drives of black hole image data.
Right: MIT computer scientist Margaret Hamilton w/the code she wrote that helped put a man on the moon.
(image credit @floragraham)#EHTblackhole #BlackHoleDay #BlackHole pic.twitter.com/Iv5PIc8IYd
— MIT CSAIL (@MIT_CSAIL) April 10, 2019
“Há 3 anos, a estudante de pós-graduação do MIT, Katie Bouman, liderou a criação de um novo algoritmo para produzir a primeira imagem de um buraco negro”
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