Os paulistanos Rafael Pastor e Gustavo Riezu se questionavam constantemente sobre os hábitos alimentares dos moradores da cidade de São Paulo, sobre a cadeia produtiva dos alimentos e especialmente sobre os impactos que esse setor causa diretamente no meio ambiente e na qualidade de vida das pessoas. A partir daí, e em meio às buscas por uma atividade – uma nova ocupação que, ao mesmo tempo, atendesse aos seus propósitos – encontraram o conceito de fazendas urbanas e resolveram empreender nessa área.
A Cityfarm nasceu há cerca de um ano e meio como uma iniciativa que tem, como objetivo, trazer a produção de alimentos para dentro da cidade, utilizando práticas de cultivo e cadeia sustentáveis, promovendo a alimentação consciente, o fomento da economia local e a divulgação do conhecimento sobre as técnicas da agricultura urbana. Atualmente, o negócio ocupa um espaço de 50m² no bairro da Saúde, em São Paulo, e atende o mercado local com sua produção de microgreens.
Microgreens – também chamados de microverdes – são versões jovens de hortaliças, ervas e legumes. Segundo Rafael Pastor, uma tendência no ramo da alimentação. O sócio conta que eles foram incluídos na categoria de superalimentos após pesquisas apontarem elevado teor nutritivo apresentado pelos vegetais nesse estágio de vida, chegando a ter até 40 vezes mais nutrientes do que suas mesmas versões em estágio maduro. A produção é realizada em ambiente controlado, de forma indoor e vertical, prática que vem revolucionando o setor da agricultura no mundo e, no Brasil, ainda dá seus primeiros passos.
Pastor explica que, no cultivo indoor, é possível controlar temperatura, umidade, iluminação e nutrientes, fornecendo assim as condições ideais para o crescimento das plantas. Essa “nova fazenda” dispensa agrotóxicos, economiza até 95% do volume de água das plantações tradicionais e diminui o desperdício de alimentos inerentes aos processos de produção, armazenamento e distribuição. E, por fim, produzir dentro da cidade contribui para a redução do desmatamento e da emissão de poluentes, além dos custos decorrentes da logística. Entende-se, assim, que a questão ambiental é muito determinante dentro do conceito da Cityfarm. “Nós temos um olhar para o conceito de economia circular, pensando em toda a cadeia dos insumos utilizados e quais seus possíveis impactos na natureza para poder tomar decisões mais assertivas em seus processos. As sementes utilizadas são não transgênicas, não possuem tratamento químico e são plantadas em mantas de fibra de coco, reaproveitando cocos que seriam descartados. Além disso, o produto final utiliza embalagem biodegradável. A sustentabilidade, para nós, vai além das práticas de cultivo e venda de produtos. Entendemos que ser sustentável passa por rever as formas de relação com as pessoas – parceiros, fornecedores, colaboradores, clientes e pessoas interessadas no tema”, diz o sócio e fundador da empresa.
A comercialização dos produtos cultivados na Cityfarm começou há aproximadamente cinco meses. Entre os próximos projetos, está a expansão da produção para outros tipos de cultivo, como tomate, morango e hortaliças em estágios maduros. Promover conteúdo educacional e produtos que estimulem o cultivo doméstico é outro plano dos sócios.