Um brasileiro entre os maiores QI do mundo
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Ansiedade e mente aberta
Com a profissão e o amadurecimento pessoal, Fabiano acabou se tornando um pouco mais sociável. “Tem dias em que meu nível de ansiedade está tão alto que, por exemplo, quando estou em um lugar com muita gente, parece que consigo captar o que diz mais de uma pessoa ao mesmo tempo. É como se minha mente estivesse aberta para tudo, ouvindo e captando tudo ao meu redor. Por um lado, é um momento que meu raciocínio encontra-se apurado e posso fazer muitas coisas ao mesmo tempo. Mas, às vezes, isso me perturba de uma maneira que pode gerar um pânico e passo mal. Já estive dirigindo e minha ansiedade estava tão alta por pensar tanto, que a confusão resultou na baixa de pressão e precisei parar e respirar. Uma amiga psicóloga disse que tenho que respirar num saquinho, que pode ajudar. Uma outra amiga também psicóloga me diz para eu mesmo controlar isso sem auxílio de remédios.” emenda, mostrando preocupação com a interpretação da resposta.
Genética e alimentação
Avaliação de QI nas escolas
Paqueras e paternidade
Segundo Fabiano, a superinteligência ajudou a lidar com as mulheres na hora da paquera. “Sempre fui de observar a mulher por muito, muito tempo. E, depois dessa observação, passei a criar argumentos diferentes dos usados por outros homens, sempre sendo verdadeiro, sem falsidades ou mentiras”, conta ele, que vive um relacionamento com a ex-modelo Jennifer de Paula, com quem acaba de ter um filho, Nicolau, de 1 mês.
Ele também é pai de Gabriela Riccobene, de 9 anos, de um relacionamento anterior. Quando questionado sobre a inteligência dos filhos, ele responde: “Ela é demais, já escreveu até um livro. Vou procurar fazer o teste em breve para poder cuidar dela da forma certa”, finaliza.
Associação Mensa no Brasil
A Mensa é uma associação sem fins lucrativos da qual Fabiano faz parte criada, em 1946, na Inglaterra e presente no Brasil desde 2002. A entidade possui como objetivos identificar indivíduos com os maiores QIs da população (2% superiores em QI; em outras palavras: percentil 98), estimular pesquisas sobre inteligência e fomentar um ambiente de aprendizado mútuo entre seus membros.
Em janeiro deste ano, o programa Gifted Youth, presente na Mensa no mundo todo, chegou ao Brasil sob o nome Jovens Brilhantes para incentivar essa realidade tão comum em outros países.
Ao EVA, Cadu Fonseca, presidente da Mensa Brasil, concedeu uma entrevista com exclusividade. Ele explica como funciona a medição de superdotados no país. “O Brasil precisa dar valor maior aos seus talentos na escola. Ao ignorar a oportunidade de estimular a inteligência em jovens aptos (no caso dos superdotados), desperdiça o potencial destes e mantém o superdotado em uma situação de invisibilidade social”, diz.
EVA: No Brasil, existe alguém com QI de percentil 99 ou mais?
CADU: Atenção para o conceito: percentil é uma medida de zero a 100. Estar no percentil 98 (condição para entrar na Mensa) significa estar no topo 2%.
Sim, há vários membros da Mensa Brasil com o percentil 99, por exemplo. A título de curiosidade: existe uma sociedade de alto QI chamada “Triple Nine Society” (cujos indivíduos foram testados e obtiveram o percentil 99,9, ou seja, têm QI no topo 0,01% da população). Essa sociedade de alto QI possui 20 membros no Brasil.
EVA: O que o resultado de percentil 99 significa?
CADU: O percentil 99 em um teste de QI significa que o indivíduo possui QI maior que o de 99% da população. Aqui vai outro conceito: o QI é a medida da capacidade de processamento cerebral. É como comparar o cérebro humano com o motor de um carro ou com o poder de processamento de um computador: quanto maior capacidade, mais desempenho pode apresentar em resolução de tarefas.
EVA: Para você, o teste de QI deve ser padronizado?
CADU: Com certeza. A psicometria é a disciplina da neuropsicologia que trata do assunto. Somente via testes padronizados se pode obter dados relevantes cientificamente. No Brasil, testes psicométricos são exclusividade de psicólogos (lei 4119/1962) e estão sob regulamentação do Conselho Federal de Psicologia (CFP). Se um teste de QI, por exemplo, não é padronizado, ele é inválido para o CFP e não tem valor científico.
EVA: Você acredita que deveríamos ter mais acesso a testes como cidadãos ou é algo individual, diferente de acesso a educação ou saúde, por exemplo?
CADU: O Brasil precisa valorizar o superdotado. A lei 13234/2015 criou o cadastro nacional do superdotado e até hoje não foi regulamentada. Sem o cadastro (logo, sem dados oficiais mais robustos), o Brasil perde a oportunidade de dar aos jovens o ensino especial a que têm direito (superdotados devem ter acesso à educação especial, conforme apregoam a Constituição Federal e o Plano Nacional de Educação (PNE).
Para dar uma ideia melhor dos desafios da educação para superdotados no Brasil, vou recorrer a alguns números: segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), de 3,5 a 5% da população brasileira é superdotada (logo, percentil 95 e superiores). Isso nos leva a até 2 milhões de estudantes (5% da população escolar, que é de cerca de 40 milhões). Segundo o último censo escolar (INEP/MEC), somente 16 mil crianças possuem o diagnóstico de superdotação no Brasil. Dessas, infelizmente apenas 12 mil têm atendimento de educação especial, conforme o PNE.
EVA: A inteligência no Brasil, para você, é valorizada?
CADU: O Brasil precisa dar valor maior aos seus talentos na escola. Ao ignorar a oportunidade de estimular a inteligência em jovens aptos (no caso dos superdotados), desperdiça o potencial destes e mantém o superdotado em uma situação de invisibilidade social.
