Chegar quase ao Oiapoque é imergir na raiz da cultura Amazônica – uma mistura de viver o potencial do ecoturismo do país, mas esbarrar com o descaso e abandono social do governo.
No cenário turístico, é possível que o Estado do Amapá seja menos cobiçado por viajantes do que regiões como o “tão distante” Acre.
Por isso, ao receber o convite de iniciativas privadas do turismo para conhecer a região, não pude resistir em conhecer esse pedacinho do mapa tão pouco falado.
Nem mesmo as rodovias federais ligam o Amapá ao resto do Brasil. Para chegar, só é possível de barco ou avião – agora com um voo direto da Azul saindo do aeroporto de Viracopos.
O Amapá é um dos estados mais novos do país. Criado na constituição de 1988, abriga a única capital banhada pelo Rio Amazonas e cortada pela linha do Equador.
Em Macapá, há muito mais a fazer do que cruzar entre o hemisfério norte e sul no monumento que marca o meio do mundo: é possível conhecer a maior fortificação colonial da América Latina, imergir no turismo de base comunitária, ir de encontro com as gigantescas e centenárias árvores Sumaúma, aproveitar a deliciosa gastronomia local com ingredientes amazônicos (e muito açaí) e sentir o aconchego do povo amapaense.

Aos aventureiros, desbravar o extremo norte do país e chegar à destinos de floresta Amazônica intocada e preservada é um prato cheio. Só é preciso encarar viagens ‘raiz’, com direito a acampamento na natureza e muito off-road para chegar aos destinos por meio de estradas de chão.
Quem estiver com esse espírito desbravador ativo, também recebe o prêmio de ir de encontro com as imponentes jóias naturais e arqueológicas escondidas do país, que são comparadas pelos amapaenses a importantes pontos turísticos ao redor do mundo, como a chamada ‘Stonehenge brasileira’ a até mesmo as “Cataratas amazônicas”, que muito se assemelham às eleitas entre as sete maravilhas naturais do mundo em Foz do Iguaçu.
A ‘Stonehenge’ esquecida do Amapá
O que aconteceria se a Inglaterra deixasse para lá as enormes “pedras” esculpidas e transportadas há mais de 2.000 anos pelos habitantes da região?
Os britânicos teriam perdido uma atração que recebe 800 mil turistas por ano, movimenta a economia de uma região remota do país e ainda tornou-se referência em observação astronômica ao redor do mundo.
Infelizmente, esse é o caso dos Megalitos de Calçoene no Brasil.
O chamado “Stonehenge da Amazônia” abriga vestígios da ocupação humana pré-colombiana, com idade estimada por arqueólogos de cerca de dois séculos. Enquanto Jesus nascia, lá estavam os povos originários no Amapá fazendo diversas descobertas astronômicas para a observação do solstício na linha do Equador.
O sítio arqueológico é composto por mais de 120 blocos de rochas fincadas no chão ao longo de 30 metros de diâmetro. Algumas destas pedras chegam a ter 4 metros de altura e pesar 2 toneladas. Também encontram-se tumbas originais feitas em cerâmica pela civilização.


As Cataratas da Amazônia
Quando amigos amapenses me mostraram o vídeo das cachoeiras de Santo Antônio em Laranjal do Jari, no sul do Estado, eu duvidei de que aquelas imagens não eram das Cataratas do Iguaçú.
A verdade é que as chamadas ‘Cataratas da Amazônia’ existem, muito se assemelham às do Paraná e são formadas por processos vulcânicos ocorridos há milhões de anos, com quedas d’água que chegam a trinta metros de altura em uma cadeia de cachoeiras localizada na maior floresta tropical do mundo.
Para chegar, é preciso encarar um roteiro cheio de aventura: cerca de 4 horas de estrada de chão, trilhas e acampamento para apreciar a paisagem.
A maior fortificação da América Latina
Não é preciso viajar tão longe para encontrar com grandes pontos turísticos, mas que sofrem com o esquecimento. No centro da cidade de Macapá fica a maior fortificação da era colonial da América Latina, construída em 1763 pelos portugueses. Atualmente, está em fase de inspeção para tornar-se um Patrimônio Mundial da UNESCO – o que pode gerar um grande incentivo para sua revitalização.
No entanto, o cenário atual é que o maior ponto turístico da cidade está fechado para visitantes. A entrada só pode ser realizada com guias e agências da região, em tours fechados.

Sem incentivo e infraestrutura para a construção de um turismo sustentável ao Amapá, o Brasil não só perde importantes monumentos culturais e naturais.
O país desperdiça a chance de criar um ciclo de geração de renda para o Estado, capacitar e educar a comunidade atual na criação de empregos para o segmento, além de incentivar a preservação do meio ambiente para a manutenção destes destinos.
Quem leva:
- @amapaecocamping
- @azullinhasaereas
Leia mais:
- Os melhores destinos e roteiros para viajar pela Bahia
- Onde se hospedar em Itacaré
- As melhores pousadas em São Miguel do Gostoso